gineta

28/10/2014 20:01

gineta ou gineta-europeia (Genetta genetta) é uma das espécies de viverrídeos que podem ser encontradas actualmente na Europa, assim como as civetas. A gineta (Genetta genetta) ou geneta é um mamífero carnívoro do géneroGenetta, pertencente à família dos viverrídeos, que ocorrem no continente africano e no sul da Europa 1 .

 

 

Descrição física[editar | editar código-fonte]

A gineta tem aspecto e tamanho idêntico a um gato, porém proporcionalmente tem o focinho mais afunilado, as orelhas grandes, as patas pequenas (com 5 dedos em cada uma das patas) e uma cauda larga e comprida 2 . O corpo é longo e esguio, com o pêlo de cor alternada cinza com muitas manchas escuras que tendem a formar linhas longitudinais, formando um padrão único e irrepetível em cada indivíduo 3 . A pelagem é castanha acinzentada, podendo haver indivíduos com a cor mais amarelada. A cabeça apresenta pelagem mais escura, sobretudo no focinho, sendo que no ventre a cor é mais clara. Os machos e as fêmeas são similares (sem dimorfismo sexual), assim como os indivíduos jovens e os adultos 2 .

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

A espécie encontra-se amplamente distribuída, ocorrendo no norte do deserto do Saara (Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia), em três grandes regiões quentes, abertas e secas, na África Ocidental, África Oriental e Austral 4 . Também ocorre em regiões costeiras da Península Arábica, nomeadamente na Arábia Saudita, Iémen e Omã 5 . Na Europa, a gineta ocorre em Portugal Continental, Espanha e França 6 . Também se encontra nas ilhas mediterrâneas de Maiorca, Ibiza, e Cabrera, todas elas pertencentes ao Arquipélago das Ilhas Baleares, em Espanha 6 . Esta espécie é geralmente considerada como uma espécie introduzida na Europa e nas ilhas Baleares 6 . Foi registado a presença da espécie a 2.600 metros de altitude nas montanhas do Alto Atlas de Marrocos 7 e a 3.000 metros de altitude no Planalto da Etiópia 8 .

Introdução na Europa[editar | editar código-fonte]

Crê-se que a sua presença na Europa seja recente e que tenha sido introduzida pelo homem de forma provavelmente involuntária, como mascote que se assilvestrou ou como simples clandestino em algum barco que tenha cruzado o Estreito de Gibraltar. Alguns autores apontam que a palavra «gineta» poderia proceder da palavra de origem árabe jinete (zenete), pois os muçulmanos que combatiam a cavalo durante a Reconquista adornavam a sua sela com peles deste animal. Supõe-se que os romanos tinham ginetas como mascotes, antes de os gatos domésticos serem importados do Egipto.

 
Gineta fotografada num zoológico.

Ecologia e comportamento[editar | editar código-fonte]

A gineta habita preferencialmente em habitats florestais (de folha caduca ou persistente), com rios nas proximidades, porém é uma espécie generalista, podendo ser encontrada em outros habitats. Evita habitats abertos, ocorrendo em pequenas áreas florestais, terrenos agrícolas e pequenas áreas habitadas. Não evita a presença humana, observando-se muitas vezes na proximidade de aldeias 1 . A gineta tem hábitos nocturnos, passando o dia a dormir refugiada em grutas, árvores ocas, entre rochas ou em qualquer tipo de abrigo que a resguarde. Tal como o sacarrabos (Herpestes ichneumon), a gineta pode ocupar abrigos de outros animais que se encontram abandonados (como tocas de coelhos e texugos) 2 . É uma espécie trepadora ágil e flexível, utilizando a cauda como estabilizador dos saltos, para saltar de árvore em árvore. Possui uma elevada capacidade visual, auditiva e olfactiva. Estes sentidos são tão aprofundados, que permitem a gineta aproximar-se em silêncio e ser certeiro, sendo por isso um óptimo caçador. Tal como os felídeos, captura as suas presas utilizando as garras 2 . É um animal solitário, exceptuando na época de reprodução (nessa época vivem em grupos familiares)1 . Os seus principais predadores são grandes carnívoros (linces, raposas e grandes mustelídeos), e aves de rapina de grande porte (Bufo-real). Em cativeiro, a gineta pode viver até aos 15 anos 2 .

População[editar | editar código-fonte]

A gineta é um dos pequenos carnívoros mais comuns na sua área nativa, apesar de os dados sobre a densidade da África da espécie serem escassos. Estima-se uma densidade de 1,5 indivíduos por quilómetro quadrado 9 . Na Europa, a gineta é abundante, e apresenta um aumento das populações na França e em Espanha, esta última com densidades de 3,7 indivíduos por quilómetro quadrado 6 . Na Península Ibérica, as populações são estáveis e vão aumentando lentamente 10 .

Reprodução[editar | editar código-fonte]

As fêmeas parem 2 ou 3 crias por ninhada numa concavidade de uma árvore, e atingem a maioridade com um ano de idade. Em liberdade vivem cerca de 10 anos, mas em cativeiro chegam aos 20.

Factores de Ameaça[editar | editar código-fonte]

A gineta não sofre ameaças graves, susceptíveis de a espécie entrar em extinção. Ocasionalmente, podem ser caçadas para consumo humano, fins medicinais, ou para obtenção das suas peles (fabricação de “karosses” na África Austral) 11 . No norte da África, a gineta é caçada de modo a obter o seu pêlo para que possa ser usado para fins decorativos, nomeadamente na fabricação de “karosses” (tapetes tradicionais africanos) 12 . Em Portugal, o uso indevido de armadilhas na gestão de zonas de caça está a dizimar indivíduos desta espécie 13 . Em Ibiza, a gineta está ameaçada pela perda e fragmentação de habitat causada pela urbanização e infra-estrutura e desenvolvimento do turismo. A capacidade das ginetas em viver perto de seres humanos e dos seus animais domésticos pode ter implicações na transmissão de doenças 8 .

Conservação[editar | editar código-fonte]

É uma espécie classificada como Pouco Preocupante (LC) pela IUCN devido à sua ampla distribuição no continente Africano e possui uma boa tolerância às possíveis alterações do seu habitat 1 . A gineta ocorre em várias áreas protegidas da sua distribuição geográfica. Esta espécie encontra-se listada no Anexo III da Convenção de Berna, bem como no «Habitats da UE» e da «Directiva Espécies», Anexo V 6 . Em vários países da sua distribuição geográfica, como em Marrocos, Argélia e a Tunísia, foram criadas leis para a conservação desta espécie, de forma a evitar a sua extinção 1 . A gineta que ocorre em Ibiza (Genetta genetta isabelae) está classificada como “rara” 2 .

Referências[editar | editar código-fonte]

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Ver também[editar | editar código-fonte]

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